VERGONHA DE ALGUMAS MULHERES DE MINAS
Desde que eu me mudei para Belo Horizonte, em 1979, constantemente a cidade é manchete nacional pelas crianças jogadas no lixo. Morei por muito tempo em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, tida como uma das regiões mais pobres do Brasil, no entanto, tanto lá como em outros lugares, o que pode ser comprovado pela imprensa, mesmo com todas as dificuldades, as mulheres não jogam fora os seus filhos.
Eu tive meus filhos lá, sem estrutura nenhuma, sem trabalho, sem a presença do marido, que estudava em Belo Horizonte, e eu só tinha 16 anos, portanto posso falar de cadeira, já que é uma situação que vivi.
Hoje vendo a liberdade que as mulheres adquiriram, é absurdo e inaceitável continuarmos vendo mulheres jogarem seus filhos no lixo. Aqui é a Capital de Minas, com toda a assistência necessária ao ser humano; aqui, a qualquer momento, se chama a imprensa por tudo: briga de vizinho, falta de remédios, maus tratos infantis; para tudo tem pessoas ou ONGs solidárias, socorremos até vítimas de Tsunamis do outro lado do mundo. Depois, existem vários meios contraceptivos e gratuitos.
Na televisão, nos jornais e em conversas, é falado o tempo todo de pessoas que querem adotar, que querem ter filhos e da dificuldade e do quanto são caros os tratamentos que ajudam na fertilização. No entanto continuam jogando crianças no lixo.
Será que as mulheres com vontade de adotar crianças, com amor para compartilhar, não servem para ser mães? Claro que não, deve ser a resposta das mulheres que jogam seus filhos no lixo. Pois partindo do principio de que você vê nos outros o que você é, então o lixo é o lugar mais adequado para jogarem seus filhos, pois são incompetentes, são inconseqüentes e acima de tudo, são umas párias, que não perceberam mas tiveram a dádiva de ter filhos. Ainda bem, que sempre depois do lixo, tem alguém com amor, carinho e vontade de adotá-los, e mesmo assim, ainda temos que agradecer por encontrá-los vivos e saudáveis, ao invés de ter adquirido uma doença grave, pela irresponsabilidade e desamor daquelas mães, se é que merecem este nome. Aí sim, teríamos que chorar pela saúde ou pelas vidas perdidas pela irresponsabilidade daquelas mulheres.
É por tudo isto que sinto vergonha de algumas mulheres de Minas .
Solange Mendes
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