Dia da Dependência de Solange
Em 7 de setembro de 1972, durante a parada, fui vista e escolhida pelo amor da minha vida!
Pode soar meio machista mais foi assim que se deu. Aliás, houve até uma aposta, se ele me conquistasse, ganharia um engradado de cerveja, pois não é que ele ganhou a aposta e de quebra eu.
No desfile daquele ano, eu iria desfilar representando a aeronáutica, e no nosso pelotão não poderíamos usar saias curtas, só três dedos acima dos joelhos, na minha turma animada, consegui convencer minhas amigas mais chegadas, a fazer as saias um palmo acima e deu certo, pois lá chegando, a professora de educação física, responsável pelo desfile, não pode mandar sair todo o pelotão, ainda mais que as outras quando nos viram, resolverão dobrar a saia na cintura e no final lá fomos nos e nossos tocos de saias!
Em Belo Horizonte, uns dias depois, assistindo os slides que alguém havia tirado, Tadeu me viu e logo se interessou, não sei o que viu, porque aquelas pernas que ainda continuam finas, não eram atrativo pra ninguém, comparadas as pernas das outras e foi assim que quando ele quis saber de mim alguém respondeu que eu tinha um defeito, era apaixonada e só tinha olhos pra outra pessoa, ele então se doeu nos brios e daí surgiu a aposta!
Pouco depois era Natal e ele, chegando em Itaobim, foi a uma festa na casa da prima que era minha amiga e pediu que ela me convidasse. Eu pura e inocente, resolvi durante a Missa do Galo, deixar minha família ouvindo a pregação do padre e sair à francesa pra ir dar um bordejo na festa. Lá, já animada com as possibilidades dos moços bonitos, me deparei com uma olhar de bico doce, ele dançava com alguém e eu sem graça, fui a cozinha pegar uma bebida, quando surge na minha frente a criatura, magro, cabeludo, de óculos e uma carinha de anjo que eu não resisti....
Nos pegamos na hora e aos beijos quase derrubando o muro da casa, ouvi o sino da igreja, sinal que a missa acabara, saí em disparada, ele no meu encalço e assim numa noite de Natal eu ganhei o melhor presente da minha vida , que me escolheu e me acolheu com muito amor, paz e alegria.
Hoje em casa, com os filhos criados, os netos e o bisneto enchendo nossas vidas de alegria, e apesar dos manifestos por dias melhores pipocando no país, eu só agradeço a D. Pedro I, que até hoje, faz com que os desfiles no interior tragam de volta pessoas, pra tocar na banda ou ver a banda e amigos desfilarem.
E foi assim que a independência do Brasil me faz ser dependente desse amor até hoje!