sexta-feira, 31 de maio de 2024

Meu diário de parto.

 

.Meu diário de parto.

Ouvindo minha neta falando do grude que esta meu bisneto, querendo só ó  colo dela ficar, com ela, estranha todo mundo nao quer ir com ninguem ê  o peito Kel, é o leitinho que ele acha só sai dai...
Ai lembrei de mim, lá atrás, quando minha filha nasceu !
Tive Tati em casa, nao tinha hospital,  nem doula,  nem pediatra, era eu e o meu corpo , preparado com muitas pedaladas, comida do fogão de lenha e minha energia boa,  que já existia em mim na época.
Acordei com uma pequena cólica e quando fui fazer xixi , vi um pouquinho de sangue e reconheci o que D. Fia havia me explicado .
Dona Fia, mulher sabida, que fez enfermagem e se especializou em fazer partos  das mais necessitadas,  das sem marido,  sem pais,  chamou, ela ia,  nao cobrava nada, dependendo do coração de quem ela fazia o parto e tivesse aceitava uma ajuda, que transformava em fraldas,  absorventes,  remedios, pra quem nada conseguia comprar.
E assim,  numa madrugada de 11 de setembro ela prontamente atendeu o chamado de minha mae e quando chegou,  eu ja tinha tomado um banho de folhas bem quente,  ja tinha comido uma farofa de carne de sol e estava pronta e alimentada  pra ser mae.
Logo depois que acordei e anunciei pra minha mae o que estava acontecendo,  ela , antes de D.Fia,  mandou um menino que trabalhava lá em casa chamar Dona Rôcha.
Ela era uma senhorinha de coração bom e que estava sempre tentando fazer alguma coisa, pra levar o que ganhava pra sustentar um tanto de filhos, netos e quem mais coubesse na pequena casa dela.
Rezou comigo pra nossa senhora do Bom parto,   fez um café,  uma farofa e colocou um tanto de folhas que nao me disse o que era,  mas que serviria pra facilitar o parto.
E assim quando D.Fia chegou ja estava tudo em andamento e so deu tempo eu me deitar,  fazer uma força e  minha filha nasceu.
Era bem gordinha,   cabeluda e chorava como um bezerro desmamado.
Uns 4 dias depois eu tinha peito e leite ate o pescoço e ela nao conseguia dar conta,   ai chega dona Rôcha com a solução:
Um menininho de uns 7 ou oito meses com a boca cheia de dentes, claro que eu apavorei com medo da mordida,  ele olhou pra mim,  com cara de poucos amigos,  jogou a cabeça pra traz...
Eu esfreguei o peito na boquinha dele, ele com a boca trancada, ai eu esguichei o leite na boca dele que quando sentiu o gosto começou a sugar...
Mamou até esvaziar os dois peitos e asim nos dias que se seguiram, todos os dias, ela o trazia.
Até que no dia 3 de Outubro chegou minha sobrinha e como a mae nao deu peito eu fui a escolhida pra amamentar.
Ai,  voltando a Chico, ele quer a mae. porque ela tem o alimento, o cheiro, e o amor que pra ele já é conhecido,  mas se o Chico estiver dormindo e outra pessoa colocar o peito cheio ele vai mamar de golfar.
Isso eu vivi aqui em casa,  com meu bisneto,  Henrique que tomou mamadeira de madrugada por muito tempo...
Durante o dia ele se dizia grande, que nao era neném que nao tomava dedeira,  quando era lá pras duas horas da manha quando eu ia dormir fazia um mingau quentinho e ele tomava de olhos fechados.
Ate que um dia que ele contava vantagem do tanto que cresceu, falei da dedeira ,  ele ficou indignado e eu que ainda nao aprendi a ser avó filmei ele feliz da vida, fazendo o que nao sabia que fazia mais...
Ele ficou p da vida e a partir dali, nunca mais tomou a dedeira noturna que acho, que ele,  tomava sabendo.
O Chico tá lá agarrado na mae e eu aqui, só lembrando dos meus pequenos...
No ano seguinte, no mesmo Setembro, chegou o vó do Chico, acordei, chamei minha mae, dona Rôcha e ao som de foguetes que comemoravam o noivado de alguém , meu filho nasceu!

Aí se eu não existisse !

 

Ai se eu não existisse !

Se tem uma coisa que gosto que aprecio e busco sao cores, sao sabores....
Gosto de experimentos, gosto de olhar em volta e ver tudo junto tudo misturado, colorindo e criando, meus cantos meus espaços...
Minhas roupas tem cores, mas gosto da maciez do algodao, do algodao cru quando  velho lavado surrado tingido por mim com as cores que busco e que misturo.
É,  sou de onde vim sou o que foi criado pelo meu pai e minha mae, sou o que  conheci, o que busquei, sou o que a curiosidade me trouxe, na leitura, na musica, nas historias dos outros que ouvi, nas minhas que criei  sou a mistura que me facilita ser leve e ser livre .
Com minha mae aprendi a criar com o que tem a mão, fazer misturas, aceitar diferenças, ter a porta e o coração abertos...
Com meu pai, aprendi a voar, aprendi a apreciar tudo que vejo e mesmo quando não e tão bonito encontro alguma coisa que vale a pena, aprendi a agradecer, aprendi a ir em frente e só preocupar com o buraco quando tiver que desviar e em cada curva esperar sempre uma linda paisagem, um pé de qualquer fruta com doce suficiente pra escorrer pelas mãos.
Aqui em casa, as vezes é cobrado as coisas na caixinha, as roupas dobradas na gavetas, diminuir  o espalhado, pouca informação...
Nunca  me limitarei ao preto e branco, nunca que ouvirei a tristeza da dor que algumas  musicas carregam, quero sempre poder por os pes no.chao e arriscar com a dor do carrapicho quando gruda no pe, quero meus tachos de cobre  ariados brilhando no fogo em doces e caldas !
Quero o que sempre tenho,  com minhas saias no pé, meus dedos enfeitados de aneis, minhas pulseiras e minha alegria que ninguem tira,  com minha importância e com o passado que reflete o que nunca vai me deixar  que é  manter em mim os balangandã como os cavalos de cigano e a alegria de uma criança que na maioria das vezes o sonho é colorido e feliz!

Nem sempre tudo são flores.

 

Nem sempre tudo são flores.

Eu nunca fui tão feliz.
Eu nunca fui tão alegre.
Tenho meus medos minhas dores, meus guardados.
Desde mais cedo que como na música, aprendi que e melhor ser alegre, pois as pessoas tristes me deixavam como elas, segurando um peso que não era meu e que eu não queria carregar.
A música me ajudou e cantando nas entrelinhas eu espurgava minhas dores e  minha alegria era direcionada ao universo pra como um eco vir de volta..
Entendi que se tristeza pesava, a alegria impulsionava, era mais leve, melhor  de lidar.
As amigas que me faziam rir, eu ficava mais perto e queria ser igual.
Entendi que o sorriso podia abrir caminho, ser duro, de cara amarrada, dificultava e a alegria afastava os chatos, que normalmente eram também pessimistas.
Tambem.busquei nos livros um escape e neles me apegava aos finais felizes, a esperança de dias melhores...
E a vida foi me moldando a ser o que sou hoje:
Aparentemente leve, positiva, sorridente...
.A vida seguiu e eu sigo .
Acostumei tanto a rir muito, achar graça em tudo, que isso em muitos momento é minha verdade.
Mas o mundo com algumas pessoa que nele habitam, não e tão bom.
Nem sempre tô no melhor dia, nem sempre concordo com o que aparece, nem sempre fui feliz com o que demonstrava ser.
As pessoas olham pra muitos sem se atentar para o que o outro sente.
Tive e tenho alguns amigos  rasos, que fala o tempo todo delas, minha vida que pra elas  parece perfeita, não as fazem  nem ter a curiosidade.de saber como estou!
Sei que sou o que sinto e acredito, sei  que poderia ter de volta o que ofereço, mas não e bem assim.
Sempre me apeguei aos ganhos e a gratidão  as perdas que nem sempre compreendi e aceitei, transformei em livramento pra ficar mais leve...
Minhas lágrimas que são raras, normalmente só eu enxugo.
E a vida segue e eu sigo, agora, escrevendo e me descrevendo.
Sim eu estou aqui e sou assim.

A cada ano, só quero me manter viva!

 

A cada ano, só  quero me manter viva.

E aqui sentada em frente a uma bacia de pêssegos bem cheirosa, revisito o ano , como tantos que passaram...
Foram muitos Réveillon de Nova York a Itaobim, aproveitei de todos, bebendo tudo que via pela frente e dançando todos os ritmos.
A última bebedeira foi quando voltei de Itaobim de ambulância com o pé quebrado, depois de dançar muita lambada na festa.
Esse ano que passou, precisamente foi o início do melhor, pois o que sofri e chorei nos  quatro anos passados, não tá escrito...
Na virada do ano passado, comecei a me  situar da minha sobrevivência, da minha resiliência.
Sobrevivi ao Genocida, sobrevivi ao escárnio, a prepotência e acima de tudo sobrevivi dia a dia, sem esquecer minha leveza e alegria!
E o ano que termina, além de voltar a respirar , nos trouxe o Francisco, meu bisneto, saudável, lindo e com uma energia e alegria contagiante pra combinar com as mudanças.
Nosso neném se juntou a Bela, Gigi e ao Tuco, pra encher nossas vidas de alegria e gratidão.
O ano transcorreu calmo, a vida dentro da mais completa ordem e eu  ainda fiz bodas de ouro!
50 anos com a mesma criatura que chegou numa noite de Natal e que faz os sinos do meu coração baterem num compasso normal  recheado de todos os aprendizados e ensinamentos!
Me deu os filhos, os netos e os bisnetos e me dá todo dia a base de ser quem eu sou!
Que venham mais netos, bisnetos, mais anos com a vida que tenho, seguro mais umas trinta viradas !
Que Deus continue nos abençoando e somos gratos em ter uns aos outros.
Sou grata em voltar a ver as pessoas buscando seus sonhos, a saúde ser direito, a educação incentivada, e o amor ser o caminho...
Muita energia, muita saúde  e que a paz volte na Ucrânia e na Palestina e assim o ano que se inicia será bom pra todos!
Viva nós que esperançamos !
Viva nós sobreviventes !
Viva o mundo, quando for bom pra todos viver!
Viva 2024 com a benção do maior de todos, Deus!
E nos aqui com o Chico...

De mãos dadas

 De mãos dadas.


Ontem conversando com um amigo, ele me dizia do tanto que gostaria de ter alguém que andasse de mãos dadas com ele, como qualquer namorado...

Tenho um outro amigo que morreu sem que ninguém andasse de mãos dadas com ele.

Aí fui pensar sobre isso e, realmente, as mãos entrelaçadas é  conforto, cumplicidade, segurança...

Acho que eu tive 2 namorados que seguraram minhas mãos, abraçado então, só meu namorado que namoro há 50 anos.

É  engraçado como uma coisa tão simples, faz tanta falta, tem tanta importância, creio que isso vem do carinho da mãe, do pai, de segurar o filho pra ensinar os primeiros passos, depois,  por um tempo continuar segurando por carinho.

Esse carinho, esse afago é o que precisamos e queremos na vida adulta, quando estamos num relacionamento, não fazer isso é como não ter a importância que se quer e que o outro não sente. 

Até hoje, ando de mãos dadas com meu marido, mesmo se as coisas não estão tão bem, o carinho nosso um com o outro está lá.

Gosto de ouvir e falar eu te amo e isso é normal no nosso dia a dia.

Mais essa semana, vi uma cena que me chamou atenção mesmo eu tentando dissimular.

Um casal descendo de um táxi perto do mercado central, um deu a mão e o outro olhou prós lados parecendo  envergonhado, incomodado inseguro...

Então me lembrei de meu amigo querido, generoso, amoroso que viveu só tendo amigos que só o queriam em casa entre 4 paredes.

E uma das coisas que me entristece em algumas relações que conheço.

Amor pra mim é tão especial que tendo certeza da existência merece toda visibilidade e todo gestual de carinho.

Aí falando sobre isso pra meu filho, lembrei que tem muito tempo que não o vejo por aí de mãos dadas com alguém...