sexta-feira, 8 de maio de 2015

Adultos infantis

Adultos infantis

Tenho observado que algumas pessoas carregam pra sua vida adulta algumas atitudes infantis. Percebidas às vezes como irresponsáveis ou com um parafuso a menos, elas coincidentemente também tem facilidade de comunicação, atitude e são mais felizes.
Quando criança, rir e brincar é tido como normal, pois demonstra saúde e felicidade. Os pais mostram orgulhosos seus pimpolhos sorridentes e saltitantes e a medida que vão crescendo já começa a cobrança da seriedade, da postura adulta e da responsabilidade.
Criança sobe em árvores, come fruta no pé, se lambuza, também corre pra chuva, senta no chão chupa pirulito, lambe os dedos, faz careta com o que não gosta, ri de qualquer coisa que é engraçado e se não gosta de um presente o atira longe ...
Nós nos lembramos disso com saudade e nos impomos que na nossa idade nada disso é permitido. É normal vermos com os olhos brilhando os pequenos em suas peraltices e termos muita, mas muita, saudade mesmo do nosso tempo.
Também é certo vermos que todo velho vira menino, pois na velhice as atitudes se modificam e é normal cuidarmos deles pra que suas inconsequências não nos atrapalhem.
Quando somos pequenos, a vida nos parece tranquila e divertida, tudo é leve, solto, não nos preocupamos com aluguel, comida ou contas a pagar, as nossas necessidades são supridas por todos à nossa volta pra nos manter alegres. Quando tem algum problema, os adultos poupam os pequenos e o mundo gira em torno desse bem geral.
Aí, ficamos adulto e nessa fase é que vemos a alegria e a tranqüilidade perdida .
Somos solicitados pra todas as responsabilidades, contas a pagar, conselhos a dar, atitudes a tomar ... Temos que ter maturidade e seriedade pra tudo resolver, não podemos nunca mais pensar em esperar que alguém nos acuda, somos robotizados a pensar e de acordo com a demanda de trabalho e das decisões.
Antigamente existiam até as pessoas tidas como sistemáticas, que eram pessoas sisudas isto é em resumo, as não fugiam do sistema, eram sérias, honestas, trabalhadoras, responsáveis, tidas como grandes partidos, pois todo pai sonhava com uma pessoa assim pra entregar seu filho ou filha, pois tinham certeza da garantia do casamento.
Hoje vemos que nada disso funciona, temos mais certeza da incerteza e da instabilidade da vida. Amanhã você pode não estar mais aqui e não adianta construir grandes patrimônios sem saber se vai ter vida pra viver e usufruir.
Pensando bem, chegamos à conclusão que a vida precisa de saúde e a saúde é alegria de viver. Já foi constatado por pessoas que tiveram ou tem todo bem material e que sofrem de alguma doença grave, que dariam todo o ouro conseguido pra viver diferente se pudessem voltar atrás.
Cantariam, dançariam, brincariam e principalmente amariam mais. Quando digo amar, é amar a si mesmo, buscando ser feliz, fazendo coisas bobas pro seu prazer pessoal, sem se preocupar com os outros.
A receita disso tudo é voltar à infância perdida, é não esperar por uma doença ou pela velhice pra se arrepender de viver o que não viveu. As terapias de auto-ajuda estão ai pra você descobrir que a alegria e  a felicidade não custam nada e estão em suas mãos, e você não precisa nem pagar por elas.
Faça surgir a criança escondida, guardada a sete chaves dentro de você, ao olhar para elas com o brilho de saudade nos olhos transforme em realidade a sua alegria perdida, a sua leveza esquecida, comece sozinho sem precisar falar com ninguém. Faça careta de dentro do ônibus ou do carro pra alguém, tenho certeza que ao longo do dia vai rir toda vez que lembrar dessa travessura. Depois na praça ou no parque de diversão, onde as crianças estão, com desculpa de ajudar, brinque de carrinho, escorregue, suba em arvores e bote língua ou faça careta pro menino do lado, no primeiro momento ele vai se assustar, mas depois vai retribuir com uma mais feia ainda. Aproveite a chuva, tire os sapatos e pise na enxurrada, chupe pirulito e, acima de tudo, ria de tudo e de todos, ria do que achar engraçado e no momento que achar engraçado, não se importe com o que achem ou digam. Se disserem que tem um parafuso a menos ou é doido de pedra, deixa pra lá e quando entenderem que você é mais feliz e mais saudável que eles, ai então você verá que vale a pena.


JANEIRO DE 2006


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